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16 exposições temporárias em São Paulo para conferir neste começo de ano

Agitada e incansável, São Paulo tem uma cena artística única no Brasil. E, ao que tudo indica, 2023 também será marcado por mostras temporárias e montagens que deverão movimentar o circuito da capital paulista.

Enquanto isso, o começo de ano também presenteia moradores e turistas com exposições dignas de serem conferidas. Mas atenção: elas seguem somente até os primeiros dias e meses do ano. 

Para quem fica em São Paulo neste período ou ainda tem um tempo livre antes da volta de férias, a seleção abaixo dá uma boa dimensão de algumas das principais exposições que ainda podem ser vistas pela cidade – de mostras que recapitulam a trajetória de Nise da Silveira até Vinicius de Moraes, por exemplo.

As últimas exposições se encerram no início de abril e ainda vale ressaltar que a maioria das instituições tem entrada gratuita. Aproveite!

Após passagem pelo Rio e BH, a exposição que homenageia o grande nome da psiquiatria brasileira desembarca em solo paulistano para ficar em cartaz até o início de março no Sesc Belenzinho.

“Nise da Silveira: a revolução pelo afeto” joga luz e celebra o legado da psiquiatra alagoana que foi responsável por uma profunda transformação no campo da saúde mental em solo nacional.

Além da trajetória da psiquiatra, os visitantes podem checar de perto obras de artistas do acervo do Museu de Imagens do Inconsciente, instituição carioca de iniciativa de Nise.

Também ficam em cartaz produções de artistas contemporâneos como Lygia Clark e Carlos Vergara, além de quatro obras de Aurora Cursino dos Santos e três obras de Ubirajara Ferreira Braga, do acervo do Museu Osório César.

Inaugurada em outubro, a exposição temporária “Nhe’ẽ Porã: Memória e Transformação” se debruça sobre a diversidade de línguas indígenas no Brasil.

A mostra, que vai até abril, conta com a participação de cerca de 50 profissionais indígenas e propõe uma visita em formato circular, sem indicação de começo ou fim.

É um convite para entrar em contato com outras concepções de mundo a partir da língua, que já começa no próprio nome da exposição, que vem da língua Guarani Mbya: nhe’ẽ pode significar espírito, sopro, vida, palavra, fala; e porã é belo, bom. Juntos, os vocábulos significam “belas palavras” ou “boas palavras”.

O Museu Judaico de São Paulo expõe até o início de março de 2023 a exposição “Moderna! São Paulo vista por elas”, em que a capital paulista é revivida pelo olhar de sete fotógrafas judias entre os anos de 1940 e 1990.

Fugidas da perseguição nazista na Europa, Alice Brill, Claudia Andujar, Gertrudes Altschul, Hildegard Rosenthal, Lily Sverner, Madalena Schwartz e Stefania Bril aterrissaram em São Paulo e trouxeram na bagagem seus diferentes repertórios e influências vanguardistas.

Ao todo são 81 imagens da cidade, em que as fotografias relatam uma São Paulo que começa a ser mais vertical e cosmopolita.

E ainda dá tempo: até 29 de janeiro fica em cartaz a “Descer da Nuvem”, exposição em que a artista multifacetada Leila Danziger explora a coleção de livros, fotografias e antigos documentos do Centro de Memória do museu, o maior acervo existente sobre a imigração e presença judaica no Brasil, para que o público reflita sobre sua própria história por meio de retratos, recordações e identidades.

Cerca de 311 itens, entre fotografias de diversos formatos, revistas e filmes silenciosos, compõem a exposição “Moderna pelo avesso: fotografia e cidade, Brasil, 1890-1930”, que segue até 26 de fevereiro no IMS.

A exposição foca na produção fotográfica realizada em algumas das principais capitais do Brasil durante a Primeira República, de 1889 a 1930.

Através dos documentos é possível observar reformas urbanas do período e as alterações das paisagens e das formas de habitar e circular em Porto Alegre, Recife, São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Belém.

Outra mostra temporária no IMS é “Xingu: contatos”, que termina em abril de 2023 e apresenta múltiplas narrativas e olhares em torno do território indígena do Xingu, no Mato Grosso.

A exposição ocupa dois andares e apresenta cerca de 200 itens, em que tem como destaque a produção audiovisual indígena contemporânea, incluindo seis curtas-metragens comissionados para a exposição.

Fotografias de comunicadores indígenas e um trabalho inédito do artista Denilson Baniwa também estão expostos. Outras imagens, reportagens e documentos produzidos no Xingu por não indígenas desde o final do século 19 fazem parte da mostra a fim de criar um diálogo e contraste com os materiais produzidos por povos do Xingu.

“O rebote do bote” é a maior exposição de Jonathas Andrade organizada até o momento, artista que vive e trabalha no Recife.

Em cartaz até o fim de fevereiro na Pina Estação, a mostra celebra os 15 anos de carreira do artista, período em que criou obras que revisitam imaginários socioculturais, principalmente os que jogam luz ao Nordeste, trazendo também questões de gênero, raça e classe por meio da fotografia, instalações e vídeos.

Já no edifício principal da Pinacoteca, em frente à Estação da Luz, fica em exibição até abril “Lenora de Barros: minha língua”, exposição que foca nas obras da artista paulistana que discutem as relações entre corpo e linguagem.

A mostra temporária abrange desde trabalhos do início da trajetória da artista até um comissionamento especial para a exposição – ao todo são 40 obras dispostas por três galerias do segundo andar que incluem fotografia, vídeo, instalação e performance.

Até 26 de fevereiro, duas mostras temporárias ficam em exibição no Masp (Museu de Arte de São Paulo). “Madalena Santos Reinbolt: uma cabeça cheia de planetas” é uma delas, a primeira exposição individual da obra da artista baiana.

Com trabalho que se debruça sobre a vida rotineira no campo e na cidade, assim como celebrações, religiosidades, festas e refeições coletivas, a artista é reconhecida por seus bordados vibrantes, chamados de “quadros de lã”. Entre tapeçarias e pinturas, são 44 trabalhos reunidos.

A outra mostra refere-se à “Cinthia Marcelle: Por Via das Dúvidas”, em que 49 trabalhos da artista contemporânea belo-horizontina são reunidos em torno da fotografia, instalação e vídeo, assim como pinturas, colagens e desenhos. Os trabalhos falam sobre como objetos, ideias e conceitos são ordenados no mundo, bem como as estruturas de poder e as hierarquias.

É a primeira exposição panorâmica dedicada à artista no país e abrange as duas décadas de sua produção – a mostra ainda reúne dez novas obras, parte delas concebida em diálogo com a arquitetura do museu.

Já com término programado para o início de abril, a exposição “Judith Lauand: Desvio Concreto” é a maior dedicada à obra da artista paulista, que faleceu no último mês de dezembro aos 100 anos.

Foram sete décadas de produção, as quais o museu revisita como forma de também fomentar novas pesquisas e debates em torno de suas obras, que dizem respeito principalmente ao movimento concretista surgido na segunda metade do século 20 – são cerca de 128 obras e dezenas de documentos que tendem ao geometrismo e abstracionismo.

Até 15 de janeiro fica em exposição no MIS a mostra “Arte é bom”, em que dezenas de obras e instalações instigam a percepção dos visitantes com uso de objetos manipuláveis, atividades imersivas e vídeos.

Obras de artistas como Hélio Oiticica, Lygia Clark, Arnaldo Antunes, Artur Lescher, Beatriz Milhazes, Denilson Baniwa, Lenora de Barros, Rommulo Vieira Conceição, entre muitos outros, fazem parte da mostra.

Já no foyer da instituição fica a mostra gratuita “Paulo Autran 100 anos”, que celebra o centenário do nome emblemático do teatro, cinema e teledramaturgia do Brasil.

São fotografias, cartazes, trechos de entrevistas e programas de teatro que formam a exposição, a qual segue até 19 de janeiro.

Poeta, músico, letrista, diplomata… São várias as facetas e ligações de Vinicius de Moraes, que completaria 110 anos em 2023. Em celebração ao ícone brasileiro, a mostra no Farol Santander, que segue até 26 de fevereiro, reúne mais de 200 itens que revelam momentos de sua vida e seus laços.

São exibidos documentos originais como cartas, manuscritos, datiloscritos, capas de discos, desenhos, livros e quadros, em que a exposição é dividida em diferentes núcleos.

Obras de artistas plásticos como Portinari, Cícero Dias, Pancetti, Santa Rosa, Dorival Caymmi e Carybé fazem parte da mostra, uma vez que eram amigos de Vinicius. Há até o Retrato de Vinicius, de Cândido Portinari, de 1938, exibido pela primeira vez na versão original.

Ainda pode-se encontrar manuscritos de algumas das canções mais emblemáticas da cultura brasileira, como “Garota de Ipanema” e “Chega de saudade”.

Depois de passar pela Japan House de Los Angeles, o andar térreo da instituição paulistana exibe até 18 de fevereiro a “Arte do Ramen Donburi”, mostra que apresenta o fenômeno gastronômico do ramen a partir da sua história e de suas tigelas.

Ficam expostos objetos decorados por diversos artistas japoneses, assim como apresenta itens vindos da principal região ceramista do Japão, o Vale da Cerâmica de Mino, responsável pela produção de quase 90% das tigelas para ramen do país.

A exposição busca entender o que torna o prato um fenômeno que conquistou o Japão e o mundo e revela a abordagem nipônica do design, elevando este que é um objeto cotidiano à categoria de arte.

Além das mostras no IMS, na Japan House e no Masp, a Avenida Paulista ainda tem mais uma opção de exibição temporária para conferir neste comecinho de ano. Até 5 de fevereiro, o Centro Cultural Fiesp exibe “Paisagem construída: São Paulo e Burle Marx”, mostra que enfatiza o paisagismo e a arquitetura de Roberto Burle Marx na capital paulista.

Um dos mais importantes paisagistas do século 20, a mostra foca em projetos de ecologia urbana pensadas por Burle Marx e seus colaboradores, assim como exibe propostas inéditas, não executadas, para espaços públicos da cidade, a exemplo do Parque Trianon, o Parque Ibirapuera, o Vale do Anhangabaú e a Praça da Sé.

Dividida em três eixos expositivos, o público também pode ver um “Jardim Efêmero”, estruturas verticais na entrada do prédio na Avenida Paulista desenvolvido pelo escritório Burle Marx.

O Museu do Ipiranga foi totalmente restaurado (foram estimados R$ 235 milhões para a reforma) e agora o público encontra 49 salas expositivas ante as 12 do passado, assim como locais antes sem acesso ao público e outros que não existiam.

O circuito conta com 70 peças multimídia, salas imersivas, espaços interativos e acessibilidade, são cerca de 390 recursos multissensoriais disponíveis para todos os públicos, como telas táteis, maquetes e réplicas ampliadas de itens do acervo.

Há várias exposições temáticas em exibição ao mesmo tempo, em que, no total, são expostos 3.058 itens do acervo, 509 itens de outras coleções e 76 reproduções e fac-símiles.

A maior parte dos objetos data dos séculos 19 e 20, mas há itens mais antigos, que remontam ao Brasil colonial – pinturas esculturas, objetos, móveis, moedas, fotografias, objetos em tecido e madeira fazem parte dos itens.

Vale ressaltar que o museu reabre no dia 10 de janeiro após o recesso de começo de ano.

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