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Campo magnético da ressonância pode atrair objetos metálicos e provocar acidentes

A ressonância magnética é um exame de imagem que permite a visualização em detalhe de diversas estruturas do corpo humano, possibilitando a realização do diagnóstico de diferentes doenças.

O aparelho amplamente utilizado conta com um grande imã, que é capaz de gerar um campo magnético mais forte que o da Terra, capaz de influenciar os movimentos das moléculas de água do organismo, gerando imagens em alta qualidade.

A morte em São Paulo do advogado Leandro Mathias, após disparo acidental da própria pistola durante a ressonância, chamou atenção sobre os protocolos de segurança para a realização do exame. O campo magnético gerado pelo aparelho puxou a arma da cintura do advogado e provocou o disparo.

O Colégio Brasileiro de Radiologia e Diagnóstico por Imagem (CBR) afirma que o exame de ressonância magnética é seguro, desde que os devidos cuidados sejam tomados previamente à sua realização.

“O aparelho de ressonância magnética é como se fosse um grande imã. Ele funciona como um campo eletromagnético, para fazer um alinhamento das moléculas do corpo humano. Quando você faz esse movimento, acaba gerando um sinal e depois esse sinal é transformado em imagem”, explica o médico Cesar Higa Nomura, superintendente de medicina diagnóstica do Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo.

O especialista destaca que a realização da ressonância magnética conta com diversos pontos que necessitam de atenção, no que diz respeito à segurança de operadores, pacientes e acompanhantes.

Todos os pacientes que serão submetidos ao exame de ressonância magnética devem, obrigatoriamente, responder a um questionário, que aborda questões sobre a presença de material metálico fixo ou móvel no corpo, incluindo próteses, marca-passo e piercings, por exemplo. As tatuagens, ricas em componentes de ferro, também merecem atenção, pois podem conter componentes das tinturas capazes de absorver o calor gerado no exame, podendo provocar queimaduras locais.

“O principal cuidado que se deve ter é com metais próximo à parte central da máquina, desde a cadeira de rodas que leva o paciente, até a maca que transporta, aos móveis que estão na sala, os materiais que são utilizados, tudo isso deve ser específico para o ambiente de uma máquina de ressonância magnética para evitar acidentes em que esses objetos são literalmente sugados para máquina, devido ao campo magnético gerado”, afirma o médico Caio Nuto, da Sociedade Brasileira de Neurocirurgia.

Os profissionais que realizam o exame devem orientar aos pacientes quanto à retirada dos materiais metálicos não compatíveis. Além disso, os pacientes devem ser informados sobre o motivo da proibição do porte ou uso dos materiais em razão da força do campo magnético.

De acordo com o Colégio Brasileiro de Radiologia e Diagnóstico por Imagem (CBR), não podem realizar o exame pacientes que possuam dispositivos metálicos ou eletrônicos, como por exemplo, marca-passos não-compatíveis, clipes de aneurisma cerebral antigos e fixadores ortopédicos externos.

O CBR destaca que os acompanhantes também devem, obrigatoriamente, responder aos mesmos questionários dos serviços, seguir as orientações dos colaboradores e respeitar todo o protocolo de segurança.

O médico do Hospital Sírio-Libanês explica que o protocolo de segurança inclui a sinalizações nos setores, avisos de segurança e a proibição de material não-compatível na sala de exames.

O campo magnético é uma grandeza física vetorial medida em tesla (T). Tanto o campo magnético produzido pelos ímãs naturais quanto aquele gerado por ímãs artificiais são resultado da movimentação das cargas elétricas no interior dos ímãs.

“Nas máquinas de ressonância magnética quanto maior o campo magnético maior a qualidade e o detalhamento da imagem. Por isso vemos centros de diagnósticos fazendo propaganda de um ressonância magnético de ‘3 Teslas’, isso quer dizer que a máquina gera um bom campo magnético, gerando boa qualidade de imagem, porém quanto maior a força do campo magnético maior risco para acidentes”, explica o neurocirurgião Caio Nuto.

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