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Centro Infantil Boldrini chega aos 42 anos

Sobrevida de pacientes na instituição chega a 80%, o equivalente a índices dos países desenvolvidos. Tratamento caminha lado a lado com o desenvolvimento científico

“A cada dia renovamos a alegria do viver. O viver com compromisso”. Trechos de uma carta escrita pela Dra. Silvia em 1998 para formandos de graduação de uma Universidade, musicada por um ex-paciente do Boldrini,  traduzem a ânsia do Centro Infantil Boldrini por dias melhores, índices de sobrevida cada vez mais altos e esperança da cura de 100% dos casos do câncer infantil, bem como de suas causas.

Esse foi o sentimento que prevaleceu no Show de Talentos que comemorou os 42 anos do hospital. Pacientes, ex-pacientes, familiares, funcionários e voluntários se uniram para festejar uma trajetória de sucesso e olhar para o futuro.

As apresentações musicais ficaram por conta dos pacientes Carlos Eduardo Santos, o Cadu (27 anos), que também foi mestre de cerimônias, e Arthur Seiji (10 anos), que se apresentou acompanhado por sua irmã Luísa; dos ex-pacientes Aurélio Artioli (29 anos) e Raissa Ribeiro (17 anos), que fez o show acompanhada por sua banda Alearte e Arthur Peixoto (21 anos); do voluntário da Brinquedoteca Hugo Rodrigues; e dos funcionários do hospital Silvio Oliveira (manutenção), Jaqueline Helen Viana Pires e Rodrigo Melquiades de Oliveira (enfermeiros). Em dos momentos mais emocionantes da manhã, talentos do Boldrini entoaram canções  e convidaram o público a se juntar a eles em um verdadeiro coral.

O multi-instrumentista e professor de música Aurélio Artioli, esteve em tratamento no Boldrini por dois anos, há 20 anos e é enfático em dizer que voltar ao hospital para contribuir é sempre muito bom. “O sentimento principal é a gratidão. O Boldrini é muito diferente de um hospital. Quando você é criança e chega nesse local humanizado, faz toda a diferença. O Boldrini desde sempre é assim, humanizado. Por mais que o tratamento seja doloroso, foi uma experiência positiva. Conheci pessoas incríveis, que me ajudaram a me encontrar com a arte, comigo mesmo na minha pré-adolescência”, define Aurélio, que garantiu muita emoção, com uma homenagem surpresa especial à Dra. Silvia Brandalise, presidente e fundadora do Boldrini, ao cantar o texto escrito por ela.

Além disso, a paciente Carol Oliveira (26 anos) leu um texto em homenagem ao hospital, falando de esperança e perseverança. “Quando fiquei doente, deixei coisas para trás. Estava fazendo faculdade, tive que parar por um tempo, ia morar sozinha. Mas depois, com o tempo, entendi que temos que seguir. E esse é meu conselho, seguir em frente, fazer o que se tem vontade, viver”, disse Carol, hoje publicitária.

Ao falar da trajetória do hospital, Dra. Silvia Brandalise lembrou que há 42 anos a taxa de sobrevida de alguns cânceres era de 5% e hoje, em alguns casos, chega a 80%. “Fico feliz. Mas ainda faltam 20%. E quando chegarmos ao 100% ainda teremos que erradicar os fatores de risco do câncer infantil. E o Boldrini já trabalha nisso, participando de uma pesquisa mundial com mulheres grávidas, estudando esses fatores de risco”, contou.

Além de ouvirem boa música e se deliciarem com pipoca, bolo e refrigerante, os convidados ainda receberam uma lembrança para lá de especial: um cartão especialmente desenhado pelo paciente João Vitor de Oliveira (21 anos).

Números

Os números ao longo desses 42 anos do Centro Infantil Boldrini impressionam e falam por si só: ao longo de sua história, o hospital já atendeu aproximadamente 30 mil pacientes encaminhados com a suspeita ou o diagnóstico de câncer ou de doenças hematológicas, e 10 mil estão em acompanhamento. Considerando os tratamentos de tumores malignos, foram mais de 9 mil casos, dos quais cerca de 6 mil alcançaram a cura.

Para se ter uma ideia da grandiosidade do trabalho do Centro Infantil Boldrini, só em 2019 o hospital recebeu 582 novos pacientes com suspeita de câncer. Desses, aproximadamente 250 tiveram o diagnóstico de doença maligna confirmado e iniciaram o tratamento no hospital. No caso de doenças hematológicas, foram 200 novos pacientes no ano passado. Além disso, foram mais de 79,1 mil consultas ambulatoriais (uma média de quase 3.200/mês) e cerca de 29 mil sessões de quimioterapia.

Sobre o Centro Infantil Boldrini

Centro Infantil Boldrini − maior hospital especializado na América Latina, localizado em Campinas, que há 42 anos atua no cuidado a crianças e adolescentes com câncer e doenças do sangue. Atualmente, o Boldrini trata cerca de 10 mil pacientes de diversas cidades brasileiras e alguns de países da América Latina, a maioria (80%) pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Um dos centros mais avançados do país, o Boldrini reúne alta tecnologia em diagnóstico e tratamento clínico especializado, comparáveis ao Primeiro Mundo, disponibilidade de leitos e atendimento humanitário às crianças portadoras dessas doenças. www.boldrini.org.br