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Contratação de trabalhadores formais deve desacelerar no 4º tri

Com uma das menores taxas de desemprego desde 2014, os números do mercado de trabalho de outubro, divulgados nesta quarta-feira (30) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), surpreenderam as expectativas para o mês.

O conjunto de dados disponíveis embute, entretanto, sinais de que a contratação de trabalhadores formais, um dos principais motores que vem puxando a forte recuperação do emprego, deve começar a perder força a partir do último trimestre do ano, de acordo com análise da equipe econômica do Inter.

Os números da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad) do IBGE revelaram que a taxa de desemprego do país ficou em 8,3% no mês passado, considerada a média móvel dos três meses encerrados em outubro. Foi a menor proporção para o mês desde 2014.

“Se a desaceleração do Caged observada em outubro se consolidar nos próximos meses, a Pnad também deverá mostrar uma variação mais baixa no número de ocupados formais ainda no último trimestre do ano, o que está em linha com a forte desaceleração já observada para o mercado de trabalho informal”, disse o Inter em relatório a clientes.

De acordo com o banco, a diferença de metodologia entre as duas principais pesquisas de mercado de trabalho do país pode explicar a defasagem: o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados, o Caged, leva em consideração apenas a criação e fechamento de vagas formais, enquanto a Pnad Contínua é mais ampla e acompanha todas as formas de trabalho.

Além disso, os dados do Caged são mensais, enquanto os resultados da Pnad, embora também divulgados mensalmente, consideram os números médios dos três meses anteriores.

“Os dados do Pnad são divulgados em médias móveis trimestrais, o que tende a suavizar a série”, explica o Inter. “Historicamente, mudanças de tendência no Caged anteciparam por um período médio entre dois e três meses mudanças na Pnad”, completa.

Divulgado na terça-feira (29), o Caged de outubro apontou para a criação líquida de 159,5 mil novos postos de trabalho com carteira assinada, numa forte desaceleração ante às 277,39 mil vagas que registrou no mês anterior.

O Inter também destaca o fato de que, pela Pnad, os postos de trabalho informais estão diminuindo, enquanto é a contratação de empregados formais que vinha puxando a contínua queda no desemprego apontada pela pesquisa,

“A redução da taxa de desemprego no trimestre se deve exclusivamente ao mercado de trabalho formal. Enquanto o contingente de trabalhadores com carteira assinada cresceu 0,95%, a população ocupada informal recuou 0,8%”, aponta o relatório.

“Quedas no estoque de empregos informais geralmente antecedem uma deterioração no mercado de trabalho como um todo, indicando provável desaceleração no ritmo de crescimento do setor formal nos próximos meses.”

Isto acontece pois o desligamento de trabalhadores sem registro é muito mais simples e menos custoso do que o dos empregados registrados. Por essa razão, eles costumam ser os primeiros a ser dispensados em momentos de incerteza, funcionando como uma espécie de termômetro para o restante do mercado de trabalho.

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