EconomiaGeralPrincipais

IPCA sobe 0,24% em outubro, com nova alta de preços das passagens aéreas

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), considerado a inflação oficial do país, subiu 0,24% em outubro, segundo dados divulgados nesta sexta-feira (10) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Neste mês, o maior impacto veio dos preços de passagens aéreas, que acumularam alta de 23,7% contra o setembro. Ainda assim, o índice geral teve leve desaceleração em relação ao mês anterior, quando havia fechado com alta de 0,26%. Em outubro de 2022, o IPCA fechou em alta de 0,59%. Com isso, o país passa a ter uma inflação acumulada de 4,82% na janela de 12 meses. No ano, acumula alta de 3,75%.

O resultado veio abaixo das expectativas do mercado financeiro, que esperava alta de 0,29% no mês. Em 12 meses, o indicador permanece fora do intervalo das metas de inflação perseguidas pelo Banco Central. A meta é de 3,25%, com tolerância entre 1,75% e 4,75%. Dos nove grupos que compõem o IPCA, oito tiveram alta no mês. O principal destaque negativo é a alta nos preços de Alimentação e bebidas, revertendo quatro quedas seguidas do grupo. A Alimentação no domicílio, que mede os preços de produtos básicos e in natura, voltou a ter alta no mês passado, de 0,27%. Por outro lado, houve alívio no grupo Transportes. Houve a alta puxada pelas passagens aéreas, mas os combustíveis tiveram queda no mês, de 1,39%.

Resultado dos grupos do IPCA:

  • Alimentação e bebidas: 0,31%;
  • Habitação: 0,02%;
  • Artigos de residência: 0,46%;
  • Vestuário: 0,45%;
  • Transportes: 0,35%;
  • Saúde e cuidados pessoais: 0,32%;
  • Despesas pessoais: 0,27%;
  • Educação: 0,05%;
  • Comunicação: -0,19%.

O grupo de Transportes desacelerou em relação ao mês de setembro, quando havia subido 1,40%. Boa parte do alívio tem relação com uma deflação do preço dos combustíveis no mês. A gasolina ainda tem alta relevante, de 14,4% em 2023, e contribuição de 0,67 p.p. na inflação do ano. Mas o combustível teve também o maior peso para baixo no IPCA de outubro, retirando 0,08 ponto percentual do índice geral. Em comparação ao mês anterior, houve queda percentual de 1,53%. Já no fim do mês de outubro, a Petrobras anunciou uma redução de R$ 0,12 no preço do litro da gasolina na venda para as distribuidoras. No mesmo dia, foi informado que o diesel teria aumento de R$ 0,25 por litro nas refinarias. Como resultado, o óleo diesel teve alta de 0,33% no IPCA do mês. Depois de uma sequência de quatro quedas, o grupo de Alimentação e bebidas voltou a subir no IPCA. Nesse período de deflações até setembro, o grupo como um todo havia tido uma queda acumulada de 2,65%. Agora, o recuo do grupo é de 0,70% neste ano.

Houve reversão neste mês do subgrupo Alimentação no domicílio, que teve alta de 0,27% em outubro, também após quatro quedas sucessivas e que haviam acumulado queda de 4,01% até setembro. O IBGE destaca altas da batata-inglesa (11,23%), cebola (8,46%), frutas (3,06%), arroz (2,99%) e das carnes (0,53%).

“O comportamento do preço dos alimentos — tanto as quedas, como as altas nesse período todo — vieram de questões de oferta. Safras boas reduzem os preços, quebras fazem subir. Também as exportações em bom ritmo reduzem a oferta interna de alimentos”, diz Almeida, do IBGE. A alimentação fora do domicílio continua em alta (0,42%) e acelerou em relação ao mês anterior (0,12%). A refeição subiu 0,48% e o lanche, 0,19%. Os preços de itens monitorados, itens cujos preços são definidos pelo setor público ou por contratos, continuam sendo os destaques do IPCA deste ano. Os cinco principais subitens são gasolina, emplacamento e licença, plano de saúde, energia elétrica residencial e taxa de água e esgoto.

Como a gasolina se reduziu neste mês, o grupo passou a acumular alta de 9,98% na janela de 12 meses. É uma desaceleração em relação a setembro, quando marcava alta de 10,21%. Já a inflação de serviços, um dos principais núcleos olhados pelo Banco Central (BC) para a condução da taxa básica de juros, também desacelerou: de 5,54% para 5,45% na janela de 12 meses.

“Tivemos uma surpresa bastante significativa nos núcleos de inflação. A parte de bens industriais e serviços subjacentes trazem uma confirmação de uma desinflação significativa. É um excelente resultado”, diz Andrea Damico, economista-chefe da Armor Capital.

A economista para Brasil do BNP Paribas, Laiz Carvalho, também vê o resultado como positivo, mas ressalta que o balanço de riscos ainda demanda algum cuidado na discussão sobre o ritmo de quedas na taxa básica de juros.

“De uma maneira geral, a composição do IPCA foi bastante positiva. Como o número veio em linha com a nossa projeção, não altera a nossa expectativa até o final do ano. Por outro lado, ainda temos alguns riscos, cenário global de condições financeiras, o cenário fiscal local que acabam trazendo um viés mais parcimonioso”, diz.

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) — que é usado como referência para reajustes do salário mínimo, pois calcula a inflação para famílias com renda mais baixa — teve alta de 0,12% em outubro. Em setembro, houve alta de 0,11%. Assim, o INPC acumula alta de 3,04% no ano e de 4,14% nos últimos 12 meses. Em outubro de 2022, a taxa foi de 0,47%.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *