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O papel do papel

Houve um tempo em que tínhamos a percepção de que o “hoje” era relativamente conhecido e o desconhecido era remetido ao futuro, entretanto atualmente, além do futuro, o presente também traz um elevado grau de desconhecimento, incertezas e riscos associados, e a atual pandemia traz a aceleração desta percepção devido às rápidas transformações impostas à sociedade, que demandam mudança de hábitos, inovações e novas tecnologias, que em última instância resultam em alteração do ambiente competitivo, com impacto em todas as empresas.

Em específico na indústria de papel recordamos que nos idos anos 90, havia uma intensa discussão sobre a digitalização da economia e seu consequente impacto na demanda de papel de imprimir e escrever, muitos apostavam que o consumo per capta de papel diminuiria devido à possibilidade real de ler conteúdos em telas de computador. O futuro subsequente imediato demonstrou exatamente o contrário, houve multiplicação de impressoras em substituição às máquinas de escrever e a liberdade de imprimir elevou o consumo de papel de imprimir e escrever. Mais recentemente, no entanto, o imaginado papel eletrônico daquela década materializou-se na forma de tablets e telas de celulares e o esperado arrefecimento de consumo de papel de imprimir e escrever começa a se materializar.

A pandemia atualmente impôs o tele trabalho ou home office e tem deslocado o trabalho das pessoas do ambiente corporativo de trabalho para o ambiente de domicílio destas pessoas. Do ponto de vista da indústria, qual o impacto deste novo ambiente de trabalho no consumo de papel de imprimir e escrever? Que mudanças deveríamos estar pensando na forma de ofertar o produto? Quais movimentos antecipatórios deveriam ser considerados?

Por outro lado, os novos diversos hábitos de higiene e proteção estão demandando cada vez mais papéis sanitários (tissue) e celulose como matéria prima no mundo todo. Trata-se de um movimento gregário por medo de escassez motivado pelo aspecto emocional da pandemia, ou de fato teremos um novo patamar de consumo daqui para frente?

Ainda voltando ao passado, era incomum o uso de sacos plásticos nas embalagens no varejo, o papel em embalagens reinava absoluto, entretanto pouco a pouco, as embalagens e sacos plásticos foram inundando o ambiente de varejo e praticamente eliminaram o papel como meio de embalagem. Contudo hoje em dia, governos de alguns países começam a limitar o uso de plásticos, principalmente no varejo, como consequência de pressão da sociedade por sustentabilidade. De que forma a indústria do papel poderia se beneficiar disto em termos de novos produtos e percepção de sustentabilidade? Quais ações deveriam estar sendo tomadas neste momento tendo por base a perspectiva de futuro?

No gráfico a seguir podemos ver uma perspectiva histórica e projeção de produção por tipo de papel indicando uma clara tendência do que dissemos

Crescimento da produção mundial de papéis, (ton x 1000)

Fonte: 2020 | Fastmarkets | Global Pulp Outlook June 2020.

Como pode se depreender, não há espaço para encarar o presente e o futuro como coisas separadas. A materialização do futuro depende das ações que tomamos hoje, a indústria do papel no Brasil é uma excelente versão da lei universal, “colhemos aquilo plantamos”, pois, nossa produção está baseada em 100% de matéria prima plantada e renovável, o futuro depende de nossas ações no presente. O passado é história, o futuro é mistério, somente o presente é real, e dele depende o futuro.

Várias gestoras de investimentos estão considerando a sustentabilidade como centro de sua estratégia de investimentos, como forma de minimizar riscos, A BlackRock uma das maiores gestoras de investimentos do mundo tem defendido que, “no futuro, uma maior transparência nas questões de sustentabilidade será um componente persistentemente importante da capacidade de cada empresa para atrair capital”.

A título de exemplo, mais do que nunca é chegado a hora do papel exercer o seu papel de maneira mais contundente nas questões de sustentabilidade na sociedade, não deveríamos admitir que deixar de enxugar as mãos com papéis sanitários fosse entendida como uma forma de ajudar a natureza e salvar árvores, ainda mais numa situação de pandemia. O mesmo papel que há milênios registra e transmite conhecimento, tem um papel muito relevante de informar sustentabilidade à sociedade.

Como dizia Confucio em relação ao futuro, “Eu não procuro saber as respostas, procuro compreender as perguntas”. A correta formulação de perguntas estratégicas e análise isenta com base em dados e fatos são atribuições de uma consultoria de planejamento como Innovatech Consultoria na busca de uma visão de futuro desejado.

Mesmo com o isolamento, nossos projetos de consultoria se mantiveram ativos. Reuniões presenciais foram substituídas por conferência, visitas técnicas inviabilizadas pela quarentena, reprogramadas, e atividades de projeto priorizadas com base no contexto de cada cliente.

Fonte: Assessoria de imprensa Robinson Cannaval