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Plantar mais árvores pode diminuir mortes causadas por calor

Plantar árvores vai além de fazer uma boa ação para o planeta – o aumento da cobertura vegetal pode salvar vidas. De acordo com um estudo publicado nesta terça-feira, 31, no The Lancet, um terço das m

A pesquisa avaliou 93 cidades europeias e concluiu que essa atitude sustentável também pode resfriar os locais em até 0,4 grau. Isso é um grande avanço, uma vez que, baseando-se nas emissões atuais, as mortes por calor podem crescer na próxima década.

“Nosso objetivo final é informar as políticas locais e os governantes sobre os benefícios de integrar estrategicamente a infraestrutura verde ao planejamento urbano. Assim será possível promover ambientes urbanos mais sustentáveis e saudáveis ​​e contribuir para a adaptação e mitigação das mudanças climáticas”, explica Tamara Iungman, do Instituto Global de Saúde.

Os pesquisadores estimaram as taxas de mortalidade de residentes com mais de 20 anos em 93 cidades da Europa entre junho e agosto de 2015, totalizando cerca de 57 milhões de participantes. Os dados de mortalidade desse período foram analisados ​​com temperaturas médias diárias em dois cenários: o primeiro comparando a temperatura de cidades com e sem ilhas de calor urbanas, e o segundo simulando a redução da temperatura como consequência do aumento da cobertura arbórea em 30%.

A partir dos dados obtidos, foi estimado o número de mortes que ocorreram durante o verão devido ao calor, assim como quantas mortes poderiam ter sido evitadas com mais verde. Os resultados revelam que cerca 6,7 mil mortes prematuras podem ser atribuídas às altas temperaturas urbanas, representando 4,3% da mortalidade no verão e 1,8% da mortalidade durante todo o ano.

Se mais árvores fossem plantadas, a temperatura reduziria, podendo evitar cerca de 2.644 mortes. Isso corresponde a 39,5% de todos os óbitos atribuíveis a temperaturas urbanas mais quentes, 1,8% de todas as mortes no verão e 0,4% das mortes durante todo o ano.

O aumento médio da temperatura devido aos efeitos das ilhas de calor urbanas foi de 1,5 grau em comparação às zonas rurais. A maior diferença observada foi em Cluj-Napoca, na Romênia, com uma diferença máxima de temperatura de 4,1 graus.

Em todas as cidades, 75% da população total vivia em áreas com uma diferença média de temperatura na cidade superior a 1 grau no verão e 20% com uma diferença superior a 2 graus, em comparação com o campo.

As mortes também variaram, indo de nenhuma morte atribuída ao calor, como em Goteborg, na Suécia, até 32 mortes prematuras por 100 mil pessoas em Cluj-Napoca. As cidades que mais apresentaram taxas de mortalidade atribuídas ao calor se concentraram no sul e leste da Europa.

“Nossos resultados sugerem que esses impactos podem ser parcialmente reduzidos com o aumento da cobertura arbórea para ajudar a resfriar os ambientes urbanos. Nosso desejo é que as cidades passem a incorporar uma infraestrutura verde adaptada a cada ambiente local”, comenta Mark Nieuwenhuijsen, diretor de Planejamento Urbano, Meio Ambiente e Saúde do instituto espanhol.

Os autores reconhecem que apenas plantar árvores não é suficiente para diminuir a temperatura. “É preciso combinar com outras intervenções para maximizar os benefícios à saúde”, diz Nieuwenhuijsen. “Espaços verdes podem reduzir doenças cardiovasculares, demência e problemas de saúde mental, melhorar o funcionamento cognitivo de crianças e idosos e a saúde dos bebês”, completa.

A falta de dados populacionais impediu uma avaliação mais recente. Além disso, a pesquisa focou apenas nos impactos das altas temperaturas na saúde, e não analisou a temperatura fria. Isso mostra que, embora as temperaturas geladas tenham atualmente maiores impactos na saúde na Europa, futuramente os impactos pelo calor podem superar os atuais danos causados ​​pelo frio.

“As comunidades precisam entender a importância da ação, pois todas as mortes relacionadas a ondas de calor são evitáveis. É preciso elaborar intervenções mais eficazes desenvolvendo e implantando sistemas de alerta e resposta antecipada a ondas de calor”, diz Kristie Ebi, da Universidade de Washington, no Estados Unidos. “As ferramentas e diretrizes estão disponíveis; as lacunas estão nos recursos humanos e financeiros para a implementação. A hora de começar é agora”, conclui.

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