A população que mora em favelas cresceu na última década e chegou 16,4 milhões de pessoas, 8,1% do total de brasileiros, segundo dados do Censo 2022, divulgados nesta sexta-feira (8) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Há 12 anos, em 2010, eram 11,4 milhões de moradores em favelas, 6% do total.
O número de favelas também cresceu. Em 2010, o Brasil tinha 6.329 favelas em 323 municípios. Em 2022, segundo Censo, eram 12.348 favelas distribuídas por 656 municípios. De acordo com o IBGE, parte desses aumentos estão relacionados a uma melhoria na coleta dos dados, especialmente em áreas menores, e não ao crescimento na população vivendo nas favelas.
Os dados divulgados nesta sexta-feira também mostram que:
A Região Norte tem as maior fatia da população vivendo em favelas, 19%; em Belém e Manaus, mais da metade da população está em comunidades; A maioria das favelas (72,5%) tem até 500 lares; A favela da Rocinha, no Rio, continua sendo a maior do país, seguida da Sol Nascente (DF) e da Paraisópolis (SP); Os moradores de favelas são mais jovens e mais negros que a média brasileira.
O Brasil tem mais de 12 mil favelas em 656 cidades. Região Norte tem maiores índices de população em favelas do país. Enquanto a média nacional é de 8,1% da população vivendo em favelas, na região Norte do país este percentual chega a 18,9%. Em seguida, está o Nordeste (8,5%), seguido do Sudeste (8,4%), do Sul (3,2%) e do Centro-Oeste (2,4%).
Quando se olha para os estados brasileiros, os maiores percentuais de população favelizada também estão no Norte:
- Amazonas: 34,7%
- Amapá: 24,4%
- Pará: 18,8%
Da mesma forma, cidades do Norte também lideram a proporção de pessoas vivendo em comunidades em relação à população total:
- Vitória do Jari (AP): 69,2%
- Ananindeua (PA): 60,2%
- Marituba (PA): 58,7%
- Belém (PA): 57,2%
- Manaus (AM): 55,8%
Em números totais, no entanto, São Paulo e Rio de Janeiro – 1º e 3º estados mais populosos do país – concentram a maior fatia da população que vive em favelas – 3,6 milhões e 2,1 milhões, respectivamente. Rocinha, Sol Nascente e Paraisópolis são as maiores favelas do Brasil
A favela da Rocinha, localizada na Zona Sul do Rio de Janeiro, com 72.021 moradores, segue como a maior do país.
Mantendo o segundo lugar, está Sol Nascente, no DF, com 70.908 habitantes (os dados preliminares do Censo divulgados em 2023 haviam apontado que ela era a maior, mas isso não se confirmou nos dados finais.)
Uma das mais cresceu foi Paraisópolis, em São Paulo, que saiu da oitava colocação em 2010 (42.826 habitantes) para a terceira em 2022, com 58 mil moradores.
O Censo 2022 mostra ainda que a maior parte das comunidades do país tem até 500 domicílios –72,5% do total e estão concentradas próximo das capitais.
Em 2022, as favelas tinham, em média 2,9 moradores por domicílio. No total do Brasil, a média é semelhante: 2,8.
93,3% dos domicílios em favela são casas, proporção mais alta do que a do país (82,3%). Apenas 2,8% dos domicílios em comunidades são apartamentos, enquanto no total dos domicílios do país, são 14,9%.
Em 1 em cada 5 casas de favela, coleta de lixo é feita através de caçambas
O Censo 2022 também analisou a presença dos serviços de água, esgoto e lixo nos domicílios particulares permanentes ocupados das favelas brasileiras. Na comparação com o total do Brasil, em alguns serviços o percentual brasileiro é menor do que nas favelas, porque inclui as áreas rurais, de baixa densidade demográfica.
Veja o resultado das favelas:
- 86,4% com ligação à rede geral e que a utilizam como principal forma de abastecimento de água. No Brasil, índice é de 83,9%.
- 95,9% com canalização de água dentro de casa, apartamento ou habitação. No Brasil, índice é de 95,7%.
- 99% com banheiro ou sanitário.
- 76% com lixo coletado por serviço de limpeza. No Brasil, índice é de 83,1%.
Uma das grandes diferenças em relação a média do pais é a forma da coleta de lixo. Em 20,7% domicílios das favelas do país, a coleta de lixo era feita através de caçambas em vez de ser diretamente no domicílio. Na média do país esse percentual é de 8,6%.
Favelas têm mais templos religiosos e menos unidades de saúde
As favelas brasileiras têm mais estabelecimentos religiosos do que a média do Brasil. Já a proporção de unidades de saúde e de ensino é menor nas comunidades do país. No país, considerando o total de estabelecimentos (20.398.293), 579.798 são religiosos, o que representa 2,8% do total. Já nas favelas, considerando o total de estabelecimentos (958.251), 50.934 são religiosos, o que representa 5,3% do total. As unidades de saúde são 1,2% do total do país, e 0,3% das favelas. As comunidades também têm um percentual menor de unidades de educação: 0,8% do total, enquanto no país este índice é de 1,3%.