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Produtos de limpeza sobem mais do que o dobro da inflação 

Produtos de limpeza não escaparam da alta de preços que atinge vários segmentos. Até julho, esse grupo acumula alta de 11%, mais que o dobro da inflação do período.

Os consumidores sentem esse aumento na pele, no cabelo e até no piso da casa. A psicóloga Ariana Florêncio percebeu que quase tudo em uma gôndola ficou mais caro.

“Pastas de dente, sabonete, sabonete líquido, desodorantes, até xampus e condicionadores também percebi um aumento significativo nos últimos três, quatro meses”, disse.

De janeiro a julho, o preço médio dos sabonetes disparou 17,81%. Itens de higiene pessoal aumentaram, em média, 7,39%.

“Mudamos, por exemplo, o desodorante roll-on tem uma durabilidade maior. Então, a gente está adotando essa estratégia nesse momento, usando menos o aerossol, que tende a acabar mais rápido, para poder comprar com menos frequência”, conta Ariana.

Produtos de limpeza, que também dependem de insumos da indústria química, subiram da mesma forma. De janeiro a julho, o sabão em pó, por exemplo, aumentou 15,84%; amaciantes e alvejantes; 11,14%; e os detergentes: 10,33%.

“Tenho usado táticas para tentar pegar promoções, porque está tudo bem mais caro. Eu procuro algum similar, algum que seja bom, que tenha hábito de usar, mas que esteja com algum desconto”, afirma a professora Débora Kelmer.

Os fabricantes afirmam que os preços dos produtos de higiene pessoal e de limpeza foram impactados pela alta do dólar e pela falta de matéria-prima para a indústria. Sabão em pó, desinfetantes e outros artigos para limpar a casa acumulam alta de 11,53% neste ano, mais que o dobro da inflação no mesmo período.

O economista Matheus Peçanha, da Fundação Getúlio Vargas, explica que os fabricantes no Brasil dependem da indústria de produtos químicos de outras partes do mundo, que também sofre com a falta de insumos.

“É por guerra, é por Covid na China. Então, tudo isso, como o mundo está cada vez mais globalizado, isso impacta, cada evento desse impacta na linha de produção global, nas cadeias globais de valor. Então, quanto mais dependente você for dessas cadeias, mais impactos nos custos você vai sentir e esses impactos acabam sendo repassados no preço final”, diz Matheus Peçanha.

Muitos consumidores acabam reduzindo os gastos com higiene pessoal e limpeza para dar prioridade à alimentação.

“Principalmente para as famílias de menor renda, que às vezes vão ter que, por conta desse aumento de custos, esse aumento nos preços desse setor específico, por não ser tão essencial, vão acabar negligenciando, eventualmente, para poder comprar comida”, afirma Matheus Peçanha.

A aposentada Lucia dos Santos tenta equilibrar o orçamento sem deixar de comprar o que precisa: “Você economiza, por exemplo, um sabão em pó, dois reais, já dá para comprar um pão ou outra coisa. Então, dá para equilibrar as coisas.”

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