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VJ´s iluminam Beco do Batman, em SP

Para quem pretende ir a São Paulo, uma boa opção de passeio artístico ao ar livre é visitar hoje ou amanhã o Beco do Batman, na Vila Madalena, das 19h às 22h. A mostra de mídia arte faz remix de um dos pontos de visitação mais conhecidos da capital paulista.

O “Beco do Batman”, uma das principais atrações da cidade de São Paulo intervenções artísticas a partir de projeção mapeada em grafites, árvores, paredes e até no chão.

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Na Vila Madalena, o famoso beco, que compreende as ruas Gonçalo Afonso e Medeiros de Albuquerque, se tornou uma das galerias a céu aberto mais celebradas do circuito internacional de arte urbana. Visitantes de todas as partes se enfileiram para fotografar as obras, além de ser um ponto de encontro de ciclistas e outros moradores da capital.

“Foi um beco transformado em marco de São Paulo por artistas e grafiteiros. As tecnologias de projeção e mapeamento que trazemos permitem um diálogo com o espaço urbano e a arte pública unindo diferentes linguagens”, explica Alexis Anastasiou, idealizador do Festival de Luzes de São Paulo #FLSP. Por isso, o local foi escolhido para receber um encontro inédito de cinco criadores multimídia, uma das atrações de maior destaque do Festival de Luzes de São Paulo #FLSP, que segue até 22 de novembro iluminando vários pontos da capital paulista. Em sua terceira edição, o evento se consolida como um dos mais importantes de seu gênero, no Brasil.

Espaço urbano remixado

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Carol Santana, Mar de Marina (Marina Sader), Felipe Nuno, VJ Fukuda e Vigas (Leandro Mendes) foram convidados para remixar o espaço localizado na Zona Oeste. A ideia de remix vem da cultura do DJ e VJ, que transforma uma música em algo totalmente diferente.

“No Festival de Luzes, estamos fazendo esse remix com a arquitetura e com o urbanismo, seja em um prédio, em um monumento ou em uma rua inteira. Ocupamos um espaço e realizamos uma intervenção. Depois que tudo é desligado, a área volta a ser o que é… Esse é o ponto mais interessante – visibilidade e invisibilidade. As luzes deixam suas marcas nas pessoas e alteram percepções para pensar outras realidades”, considera Alexis.

Novo marketing cultural

O Remix do Beco do Batman tem patrocínio do QuintoAndar, startup de tecnologia que revolucionou o jeito de alugar e comprar imóveis, e da Secretaria Municipal de Cultura por meio do Pro-Mac.

A parceria do Festival de Luzes de São Paulo com a empresa e a Prefeitura marca a volta do Programa Municipal de Apoio a Projetos Culturais e é uma das primeiras iniciativas a se realizar em sua retomada. Ao mesmo tempo, é o primeiro projeto do QuintoAndar a utilizar leis de incentivo. Inclui intervenções em vários pontos da cidade e comunidades da periferia, desassistidas de programação cultural.

O Festival de Luzes de São Paulo, realizado pela Visualfarm, se conecta com empresas relacionadas a novos jeitos de morar. Cada etapa traz um tema desafiador, como economia circular, consumo consciência e inclusão, por exemplo.

Toda a programação é gratuita e pode ser acompanhada no local ou, de qualquer lugar, via streaming pelo Instagram @luzes.sp

Sobre os artistas

Carol Santana é uma artista visual multimídia do Rio de Janeiro. Atua principalmente como VJ, criando e manipulando imagens em tempo real. Em suas videoperformances, mistura métodos analógicos e digitais. Conecta-se com diferentes vertentes artísticas e transforma o espaço físico por meio da técnica de video mapping. Transita entre shows, festivais, turnês e exposições. Participou do Cerrado Mapping Festival 2020, Visual Brasil 2019, em Barcelona, fez VJ set no Beate Uwe 2019, em Berlim, e compõe a produção e curadoria do MOV, festival de artes integradas.

Título da obra: Transmutação

Tipo de intervenção: projeção em graffiti

Técnica utilizada: video mapping

“Por meio da interpretação da obra grafitada, crio narrativas visuais que dialogam com o desenho e a arquitetura, gerando movimento, novas texturas, cores e perspectivas óticas. Tudo se transforma, se transmuta. A obra traz uma nova perspectiva sobre algo que existe, uma jornada visual. Busco despertar diferentes sensações e interações com a arte. Além da conexão de universos pessoais totalmente distintos na mesma obra, transmitindo a ideia da coletividade e da importância de processos e sistemas integrados.

A ideia de movimentar e trazer novas perspectivas sobre o graffiti surge como uma esperança de transmutação, não somente da arte impressa na arquitetura, mas também no ambiente em que vivemos. É sobre transcender, conectar, curar.O graffiti possui um caráter poético e político muito forte. É uma afirmação artística presente nas ruas que impacta a percepção e transforma a cidade em uma grande galeria de arte democrática.”

Felipe Nuno é diretor de arte e atua remotamente desde 2010 em seu estúdio, NOONO. Abraça ideias de diversas naturezas, junto a uma rede colaborativa, para representar propósitos por meio da arte e do design. A sensibilidade é sua ferramenta principal para identificar a essência dos projetos, conectando marcas e pessoas em um relacionamento íntegro de experiência. Já expôs na Semana de Arte de Hong Kong, Design Weekend, Oca do Ibirapuera, entre outros. Como diretor de arte, já contribuiu para marcas como ONU Mulheres, Netflix, Canal OFF e Bloomberg.

Título da obra: Amor de Fachada

Tipo de intervenção: projeção/mapping

Técnicas utilizadas: ilustração e tipografia

Como foi o processo criativo? O processo criativo permeia uma latência emocional que tenho vivido, relacionada a um entendimento de que é sim possível amar alguém que pensa tão diferente de mim. E parte da premissa de sintetizar e simplificar ao máximo esses sentimentos e questões profundas que quero trazer.

“A obra vem questionar se já temos mesmo a capacidade de compreender que somos um único organismo. Como podemos perdoar a imperfeição humana ou entender nosso ciclo evolutivo de forma mais pacífica, sendo a violência um fruto da ignorância ou da dor? O coração humano é capaz de amar a todos? O que faremos em tempos de polarizações? São reflexões totalmente relacionadas a temas atuais, como a polarização e a cultura do cancelamento, que vou trazer para esse experimento, de forma simples, por meio de representações tipográficas, formas e cores.”

Mar de Marina (Marina Sader) é uma artista multimidiática de 24 anos. Com um diploma em design gráfico e um pé nas artes visuais, busca se escutar e transparecer visualmente um sentimento coletivo, às vezes com pinturas, outras com animações. Faz um paralelo em sua pesquisa com a tatuagem, que pratica de maneira autônoma, como uma maneira de se manter para fora, aprendendo e se comunicando com outres. A pesquisa se estende para a exploração de ilusões ópticas como projeções analógicas em luminárias e experiências com espelhos e caleidoscópios.

Título da obra: Migrando para um novo lugar dentro de nós, vamos construir um novo mundo

Tipo de intervenção: videoinstalação, mapping com animações

Técnicas utilizadas: pintura, imagens editadas e animadas digitalmente e stop motion

“Como um vento que bate e sentimos sem enxergar, transbordo meus experimentos de plantio e sentimentos sobre o coletivo despretensiosamente, são manchas e figuras que compõem o inconsciente coletivo e tentam trazer uma perspectiva pictórica de como será o novo mundo, com humanos que vivem em harmonia com o meio ambiente e que respeitam a natureza como a grande criadora. Migrando para um novo lugar dentro de nós, vamos construir um novo mundo. Estamos nos reerguendo de um momento sombrio que é um reflexo do comportamento da população das últimas gerações. As sombras são importantes, são elas que nos trazem as ferramentas para evoluir – afinal, quanto maior a luz, maior a sombra. Não busco sentidos, apenas os enxergo em meio às cores e sentimentos que transbordam em meu trabalho.”

Vigas (Leandro Mendes) é um artista catarinense com obras que transitam entre projeções de grande escala, instalações de luz, projeções 360º e live performance. Seus projetos de arte em espaços públicos abordam estéticas orgânicas trabalhando a imersão do espectador como ponto de partida para experiências únicas.

Em sua trajetória, realizou apresentações em festivais como Amsterdam Light Festival (Holanda), SP Urban Digital Festival, Circle of Light Moscou (Rússia), Athens Digital Art Festival (Grécia), SAT Festival Montreal (Canadá), Sónar Festival Barcelona (Espanha). Foi ganhador do Emmy Award 2019 como protagonista da série “Hack the City”, criada pela National Geographic, resultando em uma instalação lumínica permanente na cidade de São Paulo.

Obra: Visualização de dados em tempo real, impactos ambientais

Tipo de intervenção: projeção no chão

Técnicas utilizadas: projeção, arte generativa


“Trago ao Festival de Luzes de São Paulo uma experiência imersiva, na qual o público poderá interagir caminhando sobre uma área projetada no chão. A obra utiliza dados reais para gerar o conteúdo visual, transformando o espaço num grande visualizador de dados em forma de texturas, cores e movimento. A intenção é criar um ponto de reflexão sobre a ação humana e seus impactos no meio ambiente. Estamos caminhando para um ponto sem volta, a ação humana, principalmente industrial, está trazendo efeitos nocivos para nossas vidas como jamais visto. A obra trata de trazer aos olhos do público essas mudanças para quem sabe criar uma interrogação em nossa maneira de coexistência com planeta.”

VJ Fukuda integra aterceira geração de uma família de artistas japoneses. Atua com videoarte desde 1990. Trabalhou como VJ para Biquíni Cavadão, Nenhum de Nós, XXXperience, Kaballah, 4US, Mercedes Benz, TheWeek, Reveillón Jeri, djs e United VJs. Artes, Arquitetura e Minimalismo são ingredientes indispensáveis em suas composições e em suas performances.

Título da obra:Fauna brasileira

Tipo de intervenção: projeções nas árvores

Técnica utilizada: projeção a laser (12k)

“Retrato as riquezas do Brasil pelo olhar do fotógrafo Zig Koch, criando um ambiente sensorial. Meu processo criativo se desenvolveu durante a pandemia quando comecei a projetar em árvores, da janela do meu apartamento. A intenção é mostrar as belezas da nossa fauna e alertar para os perigos de uma política não ambientalista.”

Sobre Alexis Anastasiou

Alexis começou sua carreira como pioneiro VJ de festas na cena underground, no final da década de 90. Com a explosão da música eletrônica no começo dos anos 2000, a estética das projeções acabou sendo procurada paras as festas e eventos corporativos e Alexis abriu o estúdio Visualfarm em 2003.

A Visualfarm reuniu uma equipe multidisciplinar que possibilitou o desenvolvimento de projeções mapeadas e dos Fulldomes no Brasil. Em 2010, Alexis inicia o projeto Video Guerrilha, um festival de mega projeções que ganhou prêmios e teve 6 edições dentro e fora do país. Desde então Alexis e a Visualfarm fizeram projeções em todos os principais marcos arquitetônicos no Brasil e em mais de 10 países, ganhando diversos prêmios internacionais de qualidade estética, técnica e de resultados de marketing.

Em 2017, Alexis lançou o livro Mappingfesto, o manifesto do mapping, que aponta para um futuro no qual as cidades serão modificadas com instalações permanentes de projeções em grande formato, possibilitando uma nova era digital no urbanismo e na arquitetura.

Em 2018, Alexis lança a primeira edição do Festival de Luzes de São Paulo, realizado pela Visualfarm em grandes marcos da cidade. Em 2019 aconteceu a segunda edição do Festival de Luzes de SP, com espetáculo composto de ballet de drones sincronizados no parque do Ibirapuera. Também nesse ano, Alexis foi receber o prêmio da Media Architecture Bienalle em Pequim, pelo projeto Chave do Centro.

Sobre a Visualfarm

Fundada em 2003, por Alexis Anastasiou, reconhecido como pioneiro VJ do Brasil, a Visualfarm é uma produtora especializada em conteúdos visuais e projeções. Criadora do Vídeo Guerrilha, desenvolve projetos visuais para as áreas de marketing e eventos, além de produzir espetáculos e intervenções autorais.

Pioneira na produção de megaprojeções, a Visualfarm trabalha com diversos formatos, dividindo-se em mapping indoor, com soluções visuais como ambientes imersivos, cenografia projetiva, vídeo cenário ou pintura de luz; mapping outdoor, com mapping arquitetônico 3D, projeção monumental; e criação de imagens, com motion design 3D, vinhetas, knetic, grafite virtual e vídeos.

FESTIVAL DE LUZES DE SÃO PAULO #FLSP
Até 22 de novembro de 2020
Idealização: Alexis Anastasiou
Realização: Visualfarm

PROGRAMAÇÃO (TERCEIRA ETAPA) *

23 e 24  de outubro

Remix do Beco do Batman

por Carol Santana, VJ Fucuda,

No Beco do Batman (ruas Gonçalo Afonso e Medeiros de Albuquerque, V. Madalena)

Das 19h até as 22h

Patrocínio: QuintoAndar e Secretaria Municipal de Cultura (PRO-MAC)

Instagram oficial: @luzes.sp

Fonte: Divulgação FLSP