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Campanha de Prevenção à Variola dos Macacos é tardia

O presidente da Sociedade Brasileira de Virologia e pesquisador da Universidade Federal de Minas Gerais, Flávio Fonseca, avalia que a campanha nacional de prevenção à varíola dos macacos, iniciada nessa segunda-feira (22) pelo Ministério da Saúde, é “essencial”, mas feita tardiamente. Flavio afirma que, se tivesse começado antes, talvez não estivéssemos com quase 4 mil casos no país.

“Já é um consenso que uma das formas mais importantes e eficazes de combate a uma doença é a comunicação, o conhecimento correto. O lançamento dessa campanha com base na conscientização da população em relação a formas de transmissão, ao que é a doença, é extremamente importante. Só acho que veio num momento tardio, a Organização Mundial da Saúde (OMS) já havia declarado essa doença como emergência de saúde pública internacional há um mês”, lembrou.

Fonseca afirma que, no atual momento, em que não há vacinas nem medicamentos disponíveis para todos os países, é justamente o conhecimento que pode frear a transmissão da varíola dos macacos. “A pessoa que apresenta sinais da doença precisa ser capaz de identificar aquilo como uma possibilidade de ser monkeypox, e procurar atendimento médico, para que ela possa se isolar e cortar a cadeia de transmissão”, explicou.

O virologista contou que, uma das possibilidades para que a varíola dos macacos deixasse de ser uma doença restrita ao continente africano é a abertura das fronteiras, dois anos após a pandemia do coronavírus. “O que muitos virologistas afirmam, e eu concordo que pode ter sido um causador [da monkeypox] é que, depois dos momentos mais graves da Covid-19, as sociedades voltaram a se abrir, até de maneira exagerada, porque ficamos presos por muito tempo, o que pode ter causado espalhamento da varíola”, afirmou.

Diante desse cenário, o especialista não descarta o surgimento de novas doenças. A globalização, o crescimento da população mundial e a ação humana são alguns fatores que podem levar à transmissão de diversos vírus.

“Essa é uma realidade com a qual a gente vai ter que conviver porque ela é resultante da condição social, do crescimento da população. Não é coincidência que a Covid-19 tenha surgido do contato do homem com a natureza, assim como a Monkeypox. Nós temos doenças humanas que se espalharam, como é o caso do sarampo. No entanto, há uma explicação, que é a diminuição da cobertura vacinal. No caso de doenças que não são exclusivamente humanas, como Covid e Monkeypox, elas surgem porque são zoonoses, circulam em animais. O homem, quando invade esses locais, para fazer extrativismo, passear, ele é infectado e traz aquilo para a cidade”, explicou ele.

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