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Ciro Gomes diz: “Não quero reeleição”, na entrevista ao Jornal Nacional

Na noite desta terça-feira (23), Ciro Gomes (PDT) foi o entrevistado do Jornal Nacional da TV Globo. Diferentemente de outros momentos, o candidato manteve a calma durante toda a sabatina, sem ataques diretos aos concorrentes que estão à frente nas pesquisas: Lula (PT) e Jair Bolsonaro (PL). O candidato chegou a dizer que poderia rever a forma como se refere aos concorrentes.

Apesar de ter feito críticas pontuais aos oponentes, Ciro Gomes não levantou a voz nem usou termos ofensivos. Por outro lado, citou a Venezuela para cutucar o PT, estratégia similar a dos bolsonaristas, e chamou o atual presidente de genocida.

Ao longo da entrevista, o pedetista apresentou propostas relacionada a temas como economia, educação, desmatamento e apresentou diversos números para basear as promessas de campanha. Ciro mostrou inclusive o livro que escreveu, onde aprofunda as propostas para o Brasil.

A seriedade da entrevista foi inegável, no entanto, Ciro Gomes falou para poucos. Em ritmo acelerado e com palavras difíceis, o candidato do PDT teve dificuldade de prender a atenção do eleitor. Até palavras em inglês foram usadas pelo pedetista no telejornal de maior audiência do país.

Ciro Gomes deu poucas explicações sobre uma das características mais marcantes da campanha que faz em 2022: o isolamento. Sem alianças e com uma vice do mesmo partido, o candidato negou que faria alianças com o Centrão e falou em governar por meio de plebicitos, usando o Reino Unido como exemplo.

Ao se dirigir aos eleitores, o candidato pediu uma chance e se colocou como uma opção aos que votam em Bolsonaro para evitar a volta de Lula e aos que votam no petista porque não querem a reeleição do atual presidente.

Renata Vasconcellos perguntou se o candidato reavaliava esse discurso “duro e, às vezes, até ofensivo” aos dois candidatos que têm a maioria das intenções de voto (79%). “Eu devo sempre reavaliar, eu faço esse esforço de humildade permanentemente. Minha tarefa é reconciliar o Brasil. O Brasil hoje tem metade da população passando fome. Eu tenho um programa de renda mínima (…). Para que eu viabilize isso, tenho que confrontar aqueles que mandaram no Brasil durante esses anos todos. Eu venho de uma tradição do Nordeste, onde a cultura política é ‘palavrosa’ digamos assim, e às vezes no Sul e no Sudeste as pessoas não entendem bem”, disse.

O projeto de Ciro prevê pagar R$ 1.000,00 às famílias mais pobres do país por mês, um benefício permanente que ele chamou de “novo modelo previdenciário”, substituindo todos os outros programas de transferência de renda existentes por um “direito previdenciário constitucional”.

“O que eu estou propondo é uma perna de um novo modelo previdenciário. Eu vou pegar o Benefício de Prestação Continuada, a aposentadoria rural de muitos brasileiros que ainda remanescem que não contribuíram no passado, o seguro desemprego, e pegar todos os programas de transferência [de renda], especialmente o novo Bolsa Família, que é o Auxílio Brasil, e transformá-los num direito previdenciário constitucional. Ou seja, ninguém mais vai depender de político A, de político B, como está acontecendo”, disse.

Modelo de Plebiscito

O candidato do PDT ao Planalto disse que pretende mudar o modelo político no país para plebiscitos programáticos, os quais, segundo ele, vão contornar a necessidade de o presidente se submeter totalmente a líderes do Congresso para governar.

“É um modelo, uma tentativa de libertar o Brasil de uma crise que corrompeu organicamente a Presidência da República. Transformou a Presidência da República em uma espécie de esconderijo do pacto de corrupção e fisiologia do Brasil”, disse Ciro.

Ao ser confrontado pela afirmação de que países autoritários e populistas, inclusive na América Latina, também usam sistema de plebiscito, Ciro disse que vai se inspirar em modelos que dão certo ao redor do mundo. “Olhando mais para a Europa e para os Estados Unidos do que para a Venezuela”, disse.

Lei Antiganância

Ciro afirmou que pretende criar uma Lei Antiganância, inspirada no modelo inglês. A regra determinaria que, se uma pessoa pagar, por causa dos juros, duas vezes o valor original da dívida, o débito será considerado liquidado. O candidato disse que isso reduzirá o endividamento das famílias, aumentando o poder de compra e investimento.

“Essa é polêmica”, disse o candidato, mantendo a tradição de trazer uma proposta polêmica relacionada ao endividamento em suas disputas ao Planalto. Em 2018, Ciro prometeu limpar o nome de 63 milhões de brasileiros que estavam, na época, nas listas de órgãos como SPC e Serasa.

“Eu quero colocar uma lei em vigor no Brasil que eu conheço da Inglaterra. Que é assim: todo mundo do crédito pessoal, do cartão de crédito, do cheque especial etc, ao pagar duas vezes a dívida que tem, fica quitado por lei essa coisa”, afirmou.

Sem reeleição

Perguntado sobre se a promessa de abrir mão da reeleição de fato facilitaria a negociação com o Congresso, Ciro disse que sim. Ele afirmou que a possibilidade de reeleição estimula a corrupção e a política de “toma lá, dá cá”.

“O que destruiu a governança política brasileira, nesse modelo que eu estou lhe falando, é a reeleição. O presidente se coloca infenso, com medo dos conflitos, porque quer agradar todo mundo para fazer a reeleição. O presidente se vende a esses grupos picaretas da política brasileira (…) porque tem medo de CPI e porque quer se reeleger”, afirmou o candidato do PDT.

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